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quarta-feira, 2 de abril de 2008

Primeiro trimestre da bolsa brasileira foi ruim, mas longe do trágico

Segue matéria publicada hoje no infomoney.

O gráfico da média dos fundos de ações que postei ontem (para ver, clique aqui) reflete um pouco o título da reportagem. Mesmo no período de crise, a média dos fundos de ações fechou o 1º trimestre no positivo.

Fonte: InfoMoney

SÃO PAULO - O FMI (Fundo Monetário Internacional) considera que a crise financeira atual é a mais preocupante desde a Grande Depressão da década de 1930. Trata-se de uma assertiva ousada, dada a dificuldade de medir impactos durante o decorrer do processo. Contudo, para o mercados de ações brasileiro, nada parece tão grave.

Está certo que o primeiro trimestre de 2008 foi o pior dos últimos anos. Mas concentrar-se no apelo trágico dessa apuração é ignorar um histórico invejável. De janeiro de 2002 a dezembro de 2007, a menor valorização anual do Ibovespa foi de 17,80%, em 2004. Perder para tal estatística não é exatamente um demérito.

Além disso, o intervalo entre janeiro e março nem sempre é uma boa aproximação da performance anual. Em 2003, por exemplo, o primeiro trimestre foi estável, mas a bolsa brasileira disparou 97,34% no ano.

Tão mal assim?
De janeiro a março de 2008, o Ibovespa registrou queda de 4,57%. O primeiro mês foi o pior, com desvalorização de 6,88%. Já em fevereiro, a bolsa subiu 6,72%. Por fim, em março a baixa foi de 3,97%. Oscilações desse porte certamente refletem volatilidade, mas não necessariamente uma tendência consolidada de perdas.

O fato de que a renda variável brasileira assume mínimos momentâneos para depois voltar a subir indica que, apesar da crise, os investidores continuam considerando os papéis domésticos como atrativos. Grandes depressões estão sendo encaradas como oportunidades de compra, conforme mostra este início de abril.

Bolsas versus recessão
Não há uma correlação absolutamente rigorosa entre recessão e bolsas no vermelho. Normalmente, os mercados demoram um pouco a acreditar nos problemas econômicos, resultando em baixa defasada para a renda variável. Por outro lado, quando o socorro entra em pauta e a recuperação parece apenas questão de tempo, investidores adiantam suas expectativas favoráveis. Como conseqüência, as ações podem começar a subir antes que a eventual recessão seja abandonada.

Foi o que ocorreu em Wall Street durante a crise do início da década de 1990. Os problemas econômicos começaram em julho de 1990. As bolsas norte-americanas despencaram em agosto e setembro e atingiram o fundo do poço em outubro. Já em novembro veio a recuperação, com alta de cerca de 6%. A recessão seguiu ainda até abril de 1991, meses depois que os ânimos da renda variável haviam se restaurado.

A valorização do mercado acionário não implica que a recessão está resolvida. Na verdade, freqüentemente se observa que as maiores inclinações da curva de recuperação ocorrem nos últimos meses de recessão. Portanto, o investidor que segura o ímpeto até uma solução definitiva para a economia pode estar ausente durante a melhor parte dos ganhos.

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